quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Conto de botequim



Rompante Presunçoso



Entre a passeata e o comício, 
e a vaidade e a Lei,
tresandando álcool
o roto sorriu a quem viu,
equilibrou-se em um tijolo
e discursou às surdezes:



"Despertai e bebei comigo!
Revanchismo e ressentimento são engôdos trôpegos que esvaziam qualquer causa!

Louvável, sério e respeitável é o combate a quaisquer autoritarismos. Contudo, uma tirania por outra, como pedem esses gritos dos centros dos mundos, por mais sutileza que se use, robustece o desequilíbrio mouco e a falta de inteligência típica dos covardes que oprimem!
Escudar-se com a liberdade pelo direito de oprimir e tiranizar seus opressores tiranos, além de ilegítimo e imoral, é insano! Combatê-los é imperativo; mas, imitá-los é baixo e indecente.
E ademais, nenhum carrasco vai entregar o machado e oferecer o próprio pescoço pacificamente. Haverá revide, sempre! E teu sangue também verterá bem como rolará a tua cabeça, caso insistas em tal necedade imensamente burra!
Se, como a mais infeliz e ingrata das consequências, houver guerra e morte, que seja por ideais elevados de justiça, paz e igualdade! Jamais pelo direito de dominar, subjugar, controlar, diminuir ou oprimir quem quer que seja, independente de qual égide ou suposta nova verdade saia vitoriosa.
...
De outra forma, sempre inaugurar-se-á uma nova era de estupidez e sofrimento.
Amor e sorriso a todos!"

E tal qual o silêncio penso que desfigura o ambiente
a anti-música ruidosa do instante prosseguiu...
Formigas trabalhavam,
moscas amolavam,
larvas parasitavam
e, obviamente,
ninguém escutou nada.
Seguiu o roto,
trôpego,
à cata de um novo tijolo.


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