quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O derradeiro colóquio

Moon - O derradeiro colóquio
entre "A Lua" e "O Desdito"

(ou "Um pesar de queda e alívio")

Era o medievo.
Sem dúvida que era!... 

O desdito:
De fato,
Não crês em minhas palavras trêmulas!
Queres tão somente livrar-te do peso
Do que sabes não ser nenhum arabesco,
Mas, o que tornou-se a verdade sentida
Do amor que plantaste...

A lua:
E como podes tu
Pensar que sabes de mim falar melhor que eu mesma!!!?


O desdito:
É que tua fraqueza é patente e inocultável
Como a luz que de teus olhos emana,
Inefável criatura!...
E sendo tão covarde e fraco teu andar
Tive eu que adivinhar teu asco
E caminhar pra longe de ti...
Absurda, desprezível deidade...


A lua:
És cruel, e magoas-me!... Quero-te bem...


O desdito:
Mágoa!?...
Não sabes do que falas em tua tolice inerme e apoucada!...
Retira, pra todos os infernos, tua desgraçada presença
Do alcance mesmo de minha mais ínfima ideia,
Demônio estúpido!!!

A lua:
É adverso o mundo este que arrebata, meu rapaz!...


O desdito:
Em qualquer mundo é lamentável
A displicência dos covardes;
Usa, pois, tua ignorância dos abismos
E ruma, insípida, na superfície efêmera
Deste tão pouco ou quase nada
Que tanto te encanta...
Moon - O pesar antitético


palavra pedante essa
de nome que remete à iridescente córnea
luzida e soberba, andante, incerta
e de par com o escuro eterno que a tudo abraça;
é lume intocado de terra pisada e abatida a fogo


de mundo distante, enfermo, de aço e gritante