Cordel da saudade dos mais velhos
(nesse troço perdido que corrói-se a si e se obsolesce)
Antigamente,
eram só três dias de carnaval
paraíso era casa de avó, com quintal
e canja de galinha não fazia mal.
Antigamente,
mais valia um pássaro na mão
era a ocasião o que fazia o ladrão
e a pressa era inimiga da perfeição.
Antigamente,
bom era beijo, abraço e amasso
aprender era no passo-a-passo
e olhar não arrancava pedaço.
Antigamente
O mundo era um moínho
Da flor se temia o espinho
e Quintana era passarinho
Antigamente
quem queria, fazia
quem calava, consentia
e perguntar não ofendia.
Antigamente,
meia palavra bastava,
quem usava, cuidava
e sonhar não custava.
Só a água e o vento
eram meio sustento,
o respeito era bom
e a vida era um dom
A praça era do povo
o futuro era incerto
e a rusga com o forte
sempre vencia o esperto.
Da fruta da terra
alimentava-se o ócio
a rua era pública
e o Brasil era nosso.
A vida era bela,
calar era ouro
só um, era pouco
e o amor era fogo.
O tempo morria
O sol aquecia
A lua, poesia
e amar se aprendia
Antigamente...
a saudade lembra
e o olhar recorda;
a vida vivia.
Antigamente,
o mundo se esquece,
de que era feliz
e, feliz, nem sabia.
[a alguns bons, grandes e velhos amigos
de um "antigamente" dia desses. Gente que
se fez presente, sorrindo e acolhendo -
felizmente muita gente]
(Ficha Técnica:
Pais,manas, avó,
Clei, Kely, Dani, Alcyr, Jeová, Keila, Jorge, Gisele
Floriano, Thiely, Ritinha, Kátia, Ellen, Waleiska,
Maíra, Paty Pris, Marco, Robby, Thiago, Carol,
Canhão, Puget, Priscila, Cynthia(s), Bernardo, Lica,
Paula(s), Eva(s), Ana Emília, Nélio, Fabiano, Juliana,
Jane, Messias, Jota, Magrelo, Ney, Gláucio, Tico, Ed,
Jean, Pedrão, Alan, Geraldo, Deusdedth, Tina, Tiane,
Rafaela, Roberta, Fabíola, Walmir, Andreia,
Leila, Sarú, Adriana, Almir
e alguns outros injustiçados - e haja vida!... haja, sim!)